A maioria dos húngaros que emigraram para a América Latina nos séculos XVII e XVIII era de missionários jesuítas que tiveram participação, principalmente, na evangelização do continente americano, contribuindo assim para a melhoria das condições cotidianas dos habitantes, e deixando suas marcas para as gerações futuras, sobretudo, no Peru e na Argentina. Além de praticar a fé, sua contribuição foi valiosa em outros campos como a medicina, a arquitetura e a geografia, e muitos ensinaram em colégios e universidades. De seus êxitos se destacam: a elaboração do plano de reconstrução da catedral de Lima após um terremoto, a fundação da primeira gráfica na Argentina, o trabalho exitoso contra a epidemia de peste no Paraguai, e a descrição da infusão da erva mate. Além de promover o desenvolvimento das culturas das comunidades locais, esses jesuítas expandiram os conhecimentos dos húngaros sobre o Novo Mundo por meio de suas publicações sobre essas comunidades e regiões distantes. Após a supressão da Companhia de Jesus, alguns jesuítas decidiram voltar à Hungria, enquanto outros permaneceram na América Latina, onde vários deles tiveram que passar o resto de suas vidas encarcerados. 

János Rátkay (1647-1684) missionário jesuíta na América Latina que viveu no território atual do México. Realizou sua atividade missionária entre os tarahumaras, no estreito de Carichic, onde faleceu. As cartas que escreveu durante sua missão foram, posteriormente, publicadas, e contribuíram para o conhecimento da América Latina da época. (México)

Zsigmond Asperger (1667-1772) médico húngaro. Chegou em Buenos Aires em 1717, e posteriormente ensinou na universidade de Córdoba. Participou da luta contra duas epidemias de peste (1719 e 1730). A segunda epidemia se estendeu ao Paraguai. A maioria dos índios pode sobreviver à epidemia graças à atividade sanitária de Asperger. Asperger era jesuíta, mas não realizou atividade missionária. Recolhia plantas medicinais a partir das quais elaborou remédios. Obteve tanto prestígio que, quando em 1767 os demais monges da sua comunidade foram expulsos da América do Sul, abriram-lhe uma exceção, permitindo sua permanência na Missão Loreto pelo resto da vida. (Paraguai)

János Rér (1691-1756) missionário jesuíta. Chegou ao Peru em 1729, onde ensinou para a população quéchua. Em seguida, ensinou matemática na Universidade de San Marcos. Após o terremoto de 1746, teve um papel importante na reconstrução de Lima. Para resistir a futuros terremotos, o teto caído da catedral foi completamente redesenhado por ele. Entre 1750 e 1756, publicou anualmente estudos relacionados às ciências naturais.  (Peru)

Károly Brentán (1694-1752) missionário jesuíta. Chegou a América do Sul em 1720, na região do rio Marañón. Aprendeu diferentes línguas autóctones e realizou com êxito atividade missionária em várias comunidades indígenas. Em 1732, foi nomeado chefe da missão San Regis de Yameos. Entre 1744 e 1747, teve o cargo de governador da província de Quito, e logo foi enviado a Roma como embaixador. Viajou para Gênova com a intenção de publicar seu livro, porém antes de consegui-lo, morreu em um povoado perto de Gênova. (Equador)

László Orosz (1697-1773) jesuíta húngaro. Antes de emigrar para Argentina participou da Guerra de Independência de Ferenc Rákóczi. Em 1729, chegou a Buenos Aires, depois a Córdoba, onde ensinou na universidade e fundou a primeira gráfica da Argentina, que foi transferida para Buenos Aires, após a supressão da ordem jesuíta. Os feitos de László Orosz se destacaram, porém no país não há placa comemorativa. (Argentina)

Ferenc Limp (1696-1769) missionário jesuíta. Chegou à colônia do rio da Prata (Argentina) junto com László Orosz, e conseguiu chegar à região do povo guarani do Paraguai. Participou de várias missões, primeiro em Concepción, depois em Loreto. Passou seus últimos anos em Yapeyú (Argentina). Quando saíram os jesuítas, não foi deportado devido a sua doença letal. Da carta conservada sobre seu trabalho podemos conhecer a geografia do Paraguai e a vida dos missionários da época. (Argentina, Paraguai)

Mihály Herre (1697-1737) irmão coadjutor, missionário no Chile. Participou da construção do Colégio Jesuíta de Concepción, onde colaborou com o missionário Márton Hedry. (Chile)

Nándor Koncság (1703-1759) missionário jesuíta. Foi mandado à Baixa Califórnia, e posteriormente foi nomeado visitador da província. Sua memória se mantém nas missões de Nossa Senhora das Dores e Santa Gertrudes – ainda habitada – e em seu diário onde declara que a Califórnia é uma península e não uma ilha. (México) 

Márton Hedry (1709-1774) missionário no Chile, difundiu as doutrinas cristãs entre o povo araucano. Após deixar o continente americano, regressou à Hungria, onde se estabeleceu primeiro em Esztergom, depois em Székesfehérvár, e fez-se padre. (Chile)

Fülöp Ferder (1713- ?) missionário. Chegou à região do Rio da Prata em 1745. Trabalhou durante cinco anos na redução jesuíta de São Tomé, e tornou-se mais tarde chefe da missão de Loreto. Após a expulsão dos jesuítas, regressou a seu país. (Argentina)

Ferenc Szerdahelyi (1717-1773) missionário. Chegou à América Latina em 1748, e participou da missão Yapeú do Paraguai (hoje Argentina), produzindo com êxito algodão e tabaco. O chá composto por ele, uma infusão de folhas perenes do arbusto Ilex paraguayensis e também conhecido como o chá dos jesuítas, é importante artigo de exportação do Paraguai, chamado mate. (Argentina, Paraguai)

Ignác Lyro (1717-?) Chegou à América do Sul em 1754 como missionário jesuíta. Trabalhou em Quito, Equador, onde junto com sua atividade missionária, realizou principalmente pesquisas geográficas. Encarregou-se do estudo da geografia peruana e equatoriana. Após a supressão da ordem, regressou à Europa. (Peru, Equador)

Ignác Szentmártonyi (1718-1793) frade jesuíta, chegou ao Brasil em 1749. A missão de Szentmártonyi explorou a região fronteiriça comum do Peru e Bolívia com os atuais estados de Rondônia e Mato Grosso, assim como as selvas do Rio Negro. (Brasil, Bolívia, Peru)

János Zachariás (1719-1772) após ser ordenado sacerdote, decidiu ser missionário na América Latina. Desde sua chegada, viveu em Lima, e começou sua atividade missionária na Bolívia. Da América do Sul enviou cartas para a Europa nas quais informou sobre os comerciantes de escravos e sobre as frequentes atividades cruéis dos soldados europeus. Regressou à Europa em 1776. (Peru, Bolívia)

Dávid Alajos Fáy (1721-1767) missionário jesuíta. Chegou ao Brasil vindo de Portugal, após 46 dias de navegação. Em suas viagens nos rios que desembocam na baía de São Marcos, entrou em contato com vários povos locais. Preparou relatórios sobre a vida e os costumes desses povos, os quais são fontes importantes. Como ele não tinha conhecimentos em ciências naturais, suas notas em muitos casos não refletiam a realidade. Foi expulso do Brasil e encarcerado em Portugal, onde morreu. (Brasil)

János Szluha (1723-1803) missionário jesuíta. Em 1750 foi ordenado sacerdote e, a partir de 1752, durante oito anos, participou da missão de Marañón del Peru. Durante sua viagem, aproveitou seus conhecimentos de matemática, principalmente para fazer cálculos cartográficos. Após a expulsão dos jesuítas, foi encarcerado em Portugal e deve sua libertação à intervenção de um enviado austríaco. (Peru)

József Haller (1725-1777) missionário, superior do monastério de Maramureș. Chegou ao Brasil como missionário, onde, no entanto passou só alguns anos. Realizou a maior parte de sua atividade missionária no Peru ensinando várias comunidades indígenas. Em 1777, chegou em Quito. (Equador)

József Kayling (1725-1791) entrou para a ordem jesuíta em Trenčín. Nos anos 1750, chegou ao Brasil alocado à população tremembé. Uniu-se aos missionários que já realizavam atividades nessa comunidade indígena. Posteriormente, foi nomeado diretor de um engenho açucareiro e logo expulso do Brasil e encarcerado em Lisboa. Graças à intervenção da rainha Maria Teresa, foi libertado. (Brasil)

Xavér Ferenc Éder (1727-1772) missionário jesuíta. Chegou ao Peru em princípios de 1751. Fundou vários centros missionários. Com a finalidade de evangelizar a população local, aprendeu línguas indígenas. Percorreu todo o território; tomou notas sobre as populações, a flora e a fauna locais. Ajudou a descobrir as paisagens desconhecidas da região, desenhando mapas baseados em suas experiências. Regressou à Hungria, e resumiu todos os seus conhecimentos da região em um manuscrito em latim. Seus estudos foram publicados 20 anos após sua morte por Pál Makó e, mais tarde, foram publicados também em espanhol. (Peru)

Miklós Plantich (1738-?) monge jesuíta, metade húngaro, metade croata, nascido em Zagreb. Chegou ao atual território da Argentina junto com László Orosz. Permaneceu primeiro na universidade de Córdoba e, em seguida, no Colégio Jesuíta de Montevidéu. Não realizou atividade missionária, mas ensinou nos colégios. No Paraguai foi acusado de atos contra o Estado de maneira infundada, uma vez que se pode supor que nunca havia visitado a região. Após a supressão da ordem, regressou a sua pátria com seus companheiros. (Argentina)